sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Por quem esses sinos dobram?


Declaradamente aberta a temporada de caça à corrupção. Esta puta corrupção, profanadora dos deveres políticos e direitos democráticos, perversora da honestidade e do convívio social, aliciadora do bem público e demolidora dos preceitos civis!

Mas o abstratismo que impera nos recentes protestos contra a corrupção é um mal a mais à sociedade brasileira, divorciada, pelos segredos, da “sociedade política”. Quem é essa atroz e infame corrupção, essa vil depreciadora de sabe-se lá que moral política? Ao que tudo indica, a nossa corrupção traja terno, é vulgarmente conhecida por “político” e desvia verbas.

Mas, por essa descrição, são abundantes os suspeitos! Devo ficar alerta a todo engravatado que se diga político? Ou devo empenhar minha anêmica memória política a desvendar os traços faciais e a graça do engravatado que elegi parlamentar? Oh, dilema!

A indignação é o primeiro passo, caro leitor eleitor, rumo a mudanças profundas. Foi assim em toda a história da humanidade. Assim a democracia tomou contornos ante a opressão aristocrática na Grécia clássica. Assim a burguesia enterrou o poder espiritual e fez valer seus interesses no princípio do capitalismo comercial. Assim muitos foram presos, torturados e assassinados no Brasil, antes da conquista de um regime democrático através do voto direto. Quase ontem.

No entanto, a indignação sem culpa, sem a responsabilidade política, é cega. E é a cegueira que guia boa parte dos indignados que excomungam a corrupção nas ruas do Brasil. Há protesto lúcido em meio a esse carnaval, como aquele que exige o fim do voto secreto no Congresso. No entanto, dedos precisam ser apontados, há algumas faces bem conhecidas pra essa seva corrupção.

À guisa de provocação, você sabe o que fazem os parlamentares nos quais você depositou seu voto, esse soberano direito civil?

É bom saber. Pois, no fim, você poderá estar protestando contra o engravatado político no qual você votou e, por tabela, condenando sua própria corrupção.

Nenhum comentário: