Declaradamente
aberta a temporada de caça à corrupção. Esta puta corrupção, profanadora dos deveres
políticos e direitos democráticos, perversora da honestidade e do convívio
social, aliciadora do bem público e demolidora dos preceitos civis!
Mas o
abstratismo que impera nos recentes protestos contra a corrupção é um mal a
mais à sociedade brasileira, divorciada, pelos segredos, da “sociedade política”. Quem é essa atroz e infame corrupção, essa vil depreciadora de
sabe-se lá que moral política? Ao que tudo indica, a nossa corrupção traja
terno, é vulgarmente conhecida por “político” e desvia verbas.
Mas, por
essa descrição, são abundantes os suspeitos! Devo ficar alerta a todo
engravatado que se diga político? Ou devo empenhar minha anêmica memória
política a desvendar os traços faciais e a graça do engravatado que elegi
parlamentar? Oh, dilema!
A indignação
é o primeiro passo, caro leitor eleitor, rumo a mudanças profundas. Foi assim
em toda a história da humanidade. Assim a democracia tomou contornos ante a
opressão aristocrática na Grécia clássica. Assim a burguesia enterrou o poder
espiritual e fez valer seus interesses no princípio do capitalismo comercial.
Assim muitos foram presos, torturados e assassinados no Brasil, antes da
conquista de um regime democrático através do voto direto. Quase ontem.
No entanto,
a indignação sem culpa, sem a responsabilidade política, é cega. E é a cegueira
que guia boa parte dos indignados que excomungam a corrupção nas ruas do Brasil.
Há protesto lúcido em meio a esse carnaval, como aquele que exige o fim do voto
secreto no Congresso. No entanto, dedos precisam ser apontados, há algumas
faces bem conhecidas pra essa seva corrupção.
À guisa de
provocação, você sabe o que fazem os parlamentares nos quais você depositou seu
voto, esse soberano direito civil?
É bom saber.
Pois, no fim, você poderá estar protestando contra o engravatado político no
qual você votou e, por tabela, condenando sua própria corrupção.
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