sábado, 9 de julho de 2011

"Sociedade política" e a república dos esquecidos

O ano de 2011 tem sido de fôlego adicional à engavetada democracia mundial. Durante muito tempo a sociedade civil, em geral, aceitou de bom grado as condições políticas acertadas entre certos governos e seus sócios. Hoje, porém, é possível observar um renascimento de movimentos coletivos exigindo o que Tarso Genro chamou de “democratização da democracia”.

A idéia não é nova, pelo contrário, é o fundamento da democracia de fato. Numa análise mais atenta a tratados de ciência política e consultas a pensadores como Rousseau e Tocqueville, constatamos que os movimentos coletivos pelo mundo lutam por princípios óbvios. E se o governador gaúcho usa mui habilmente essa expressão, é porque a democracia já deixou de ser democrática há algum tempo.

Temos acompanhado as revoluções árabes, encarando regimes ditatoriais e se organizando, sobretudo, via redes sociais. Levantes populares exigindo democracia, enfrentando repressão e a violência desmesurada de seus próprios governos com pouco apoio internacional.

Também o espanhol ¡Democracia Real YA!, do movimento 15M, que critica um modelo de política que privilegia uma minoria em detrimento das necessidades do povo. Com a recente crise financeira mundial, tem crescido a adesão pela Europa.

Tahrir e Puerta del Sol são exemplos mais notáveis de que, pelo mundo, diferentes povos têm questionado o regime de suas nações e procuram fazer a res (coisa) ser realmente pública. Os recentes ataques hackers no Brasil não são, nem de longe, algo parecido. Assim como movimentos exigindo redução de impostos para produtos eletrônicos, pura e simplesmente.

É preciso aproveitar mobilizações como a marcha da liberdade, e colocar em xeque a “sociedade política” e a democracia oligárquica que predomina no nosso modelo de sistema representativo. É preciso, principalmente, ressignificar a política no Brasil. Debates e atenções, por parte da sociedade civil, não devem ser exclusividades dos anos de fim par, eleitorais. É preciso agir, lembrar e trazer o poder do público também para os anos de final ímpar, época em que a democracia costuma ficar esquecida, por eleitos e eleitores, e engavetada por aqui.

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