Nessas, a Caixa fez um comercial com um Machado de Assis branco. Reclamou-se, bateu-se de todo lado na produção. Refizeram-no. No link, alguns comentários mostram uma galera achando que é excesso de "politicamente correto" refazerem o comercial. Veja a nova edição:
Os politicamente incorretos consideram bobagem, que a discussão é inútil, um exagero. Agora imagine Clarice Lispector, a quem cogitaram Meryl Streep para interpretar, vivida por uma atriz de pele negra. Imagine crítica e repercussão. Não é bobagem.
Madonna e Mary Lambert sabiam muito bem desse potencial polêmico quando contrataram um ator negro para representar Jesus (que seria loiro, de olhos azuis e cabelos lisos e ondulados, a despeito de sua naturalidade geográfica). Ainda que há 22 anos atrás e envolvendo fatores religiosos, a polêmica gerada pelo videoclipe - muito mais interessante que as polêmicas causadas por vestidos de cantoras, diga-se - revelam que não se trata de uma simples questão de "politicamente correto".
Quantos não são os vloggers e apresentadores a menosprezar essa e tantas outras causas por partirem de um PONTO DE VISTA "hetero-branco-rico-cristão"? O curioso é que a primeira vez que um humorista é de fato politicamente incorreto, desta vez com uma filha de cantor, esposa de gente poderosa, a conversa mole da liberdade de expressão cai por terra.
Evidentemente, o humorista é mais um mané que acha que há um excesso de pudor, muitos limites para a lirve-expressão. Justo por causa de uma frase na qual não foi preconceituoso. Estúpido, inadequado, entre outros qualificadores, mas ele não manifestou um preconceito. Quando foi, assim como Boris Casoy o fez ao falar de garis, não teve grandes problemas. A Band defende esse tipo de "liberdade de expressão".
Que haja. Na hora em que todos forem respeitados da mesma forma e/ou houver piadas sobre brancos, ricos, cristãos e heterossexuais da mesma forma que há com negros, pobres, gays e (dis)crentes em outras formas de sagrado, o politicamente correto não vai ser mais necessário.
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