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“Se você
quiser me destruir, vou te destruir primeiro”. Teria sido essa indelicada declaração,
segundo consta, que inaugurou a desforra de Gilberto Kassab a Rodrigo Garcia, até
então sua eterna metade da laranja. Chega um momento na vida a dois em que a
fidelidade é abalada, em que surgem terceiros, e as mágoas irrompem do
não-dito. São as escuras nuvens do divórcio.
São Paulo
assiste passivamente aos “DR” do alto clero da política local. A briga na corte
é forte, ameaça a dinastia tucana e confessa a debandada dos oportunos
integrantes do PSD. Anos de afeto, jingles e presentes abalados pelo “salve-se
quem puder” de Kassab e seus novos amigos.
Já não se
sabe, aqui em baixo, quem governa a maior cidade do país. A descaracterização
governamental é refletida nas políticas confusas e eleitoreiras do prefeito
que, apesar do que faz, agora se diz socialista. São Paulo passa mal, e somada
à enferma cidade está o processo diaspórico de inauguração do PSD.
E os
paulistanos, devem estar indignados com toda essa picuinha, não? Não. Não se
percebe. Enquanto a vaidade esfria a brasa de Kassab e Garcia, estamos no
trânsito ou na balada, temos os nossos amores pra cuidar, eles os deles.
O PSD
conseguiu nascer, parto dificultado por Rodrigo Garcia (tu quoque?) e seu DEM.
Não são tão adversários hoje, aquela ternura sempre fica, não fica? O partido
de Kassab esvazia o DEM. Mas Rodrigo e seus parceiros não vão dar ao prefeito o enorme prazer de lhes ver chorar.
O estoicismo
que cabe aos barões do DEM também não importuna Kassab. O que ele quer é seguir
em frente, esquecer que aquela união, por mais afetuosa, poderia lhe render
rejeição popular. Flerta com quem tem aprovação do público votante.
Depois de
muitos anos juntos, foi difícil até para a mãe de Rodrigo Garcia aceitar a
separação. As coisas são assim mesmo, crianças. Se não se cultiva a relação, a
menor das brisas desfolha a árvore, galho por galho.
Os ânimos já
amainaram e Kassab ainda acha que está fazendo o que é certo, pela política e
pela cidade. E assim, os sabores e dissabores das paixões da fidalguia paulista
sobressaem ante as necessidades da plebe paulistana. Estamos acostumados mesmo
a torcer pelos amores impossíveis de novela e a esquecer os nossos próprios
desejos.
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