sábado, 26 de junho de 2010

Chutando de onde der

No último post chutei o candidato a vice de Serra. Análise séria sobre o cenário político , aspas e mais aspas de candidatos, notícias e pesquisas, e resumo minha opinião a um chute? Não é assim.
É que o PSDB também está chutando nomes.
O anúncio de Álvaro Dias não foi definitivo. Nem oficial, Nem mesmo feito pelo partido que preside a chapa. Um tweet de Roberto Jeferson, do PTB, é que espalhou a notícia.

Se a reação for boa, fecha esse mesmo, o DEM acaba tendo que engolir. A repercussão não foi uma maravilha, parece que não vai virar. Dias mesmo já admitiu ceder a vaga, apesar de feliz com a indicação. Se o DEM não bancar o senador do paraná, não demora muito, deve desistir, chuta-se outro nome, dessa vez o Jungman do PPS que twita, ou manda e-mail para redações, pra ver no que dá. Até o DEM se zangar e resolver bancar o seu nome de vez. Agripino Maia e Kátia Abreu são os dois nomes prováveis.

No segundo turno, o PV sempre fechou com o PSDB, mas vai pegar MUITO MAL se apoiar a Kátia, líder da bancada ruralista. Com o Agripino, já não daria tanta bandeira, preserva-se o apoio dos marinados.

Quando chegar a vez do DEM, não vai ser tweet, e-mail pra redações, vai ser coletiva de imprensa e coquetel. Possivelmente festa. Vai fazer muito barulho. Não deixará de ser um chute, só que arriscado, como cruzar para o Ronaldo no final do jogo: pode ser que dê certo, mas já não tem dado bons resultados ultimamente. Mesmo assim, não se pode menosprezá-lo.

Deve acontecer pouco depois do final da Copa. Até lá, chute de longe, e carrinho pra não deixar o adversário correr com a bola.

Bicão

É , parece que furei o chute para indicar o vice do PSDB. Parece, ainda seria tempo de correr atrás, já que o Bob Jeff disse Álvaro Dias seria o indicado a vice de Serra. Não vou: Aécio não tá muito a fim de ser vice, Dorneles perdeu sua chance à tôa, e os tucanos não estão muito dispostos a colocar alguém do DEM na chapa, queimaria muito o filme, mas vou insistir no palpite.Olha só:

O DEM , ex PFL, era o único partido que fazia frente ao PMDB, com cerca de mil prefeituras na década de 90. O chapão debutante PSDB/DEM cresceu muito nessa década, mas nos últimos anos vem sofrendo o governo petista: com a morte de ACM, um de seus principais líderes, a perda de quase quinhentas prefeituras nas última eleições e mais recentemente o escândalo do Distrito Federal fragilizaram significativamente o partido.

O DEM não pode permitir uma chapa tucana puro sangue se não quiser virar um PPS ou PTB da vida. O Álvaro, que deve estar em êxtase com a idéia, já refugou, no entanto: não se oporia ao partido de Kátia abreu e Agripino Maia, não tem escolha: o PSDB não pode virar o cenário atual sozinho e o DEM, mesmo fragilizado, é um aliado muito mais forte que todos os outros, juntos.

E ele não deve ser mesmo vice de Serra. Sejamos realistas: o DEM, se não aceitar o senador tucano num inédito surto de bom-senso, vai querer indicar um nome seu. PPS e PDT podem bater o pé à vontade, precisam estar numa chapa forte e não têm força pra discordar, tão pouco para largar a chapa.

O Agripino Maia é o nome que julgo mais provável para novo Marco Maciel. Mas vai saber, né?

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Desconfiômetro

Matéria do Valor econômico de ontem:
A confiança dos brasileiros nos políticos segue em baixa. Uma pesquisa realizada pela GfK revelou que apenas 11% da população afirmou que confia na categoria. Em 2009, esse índice era de 16%.
O resultado no país está abaixo da média mundial, que passou de 18% no ano passado para 14% em 2010. A Índia foi o país onde o nível de confiança da população nos políticos alcançou o maior percentual (29%). Em 2009, esse patamar era de apenas 7%
Na moral, acho a minha confiança nessa pesquisa anda meio em baixa também... que houve na Índia que justificasse tamanha variação? Nem a variação no Brasil é fácil de se explicar. Alguém errou nas continhas, deveriam ter chamado a Gisele !

alhos com bugalhos, Matéria do Times de ontem também, sobre músicos que cancelaram seus shows em Israel :

Like many here, Mr. Weiss argued that music and politics should not mix.(...)If the Pixies had something to say to Israel’s leaders,(...) they could have come and said it here.

(tradução livre, desimpedida e mau-caráter)

Como muitos aqui, Mr Weiss argumentou que música e política não deveriam se misturar.(...) Se os Pixies tivessem algo para dizer aos líderes de Israel,(...) aqueles covardes deveriam ter vindo e dito o que quisessem aqui.

Um colunista, Hanoch Daum ainda ilustra bem como o país está aberto aos visitantes:
“Life was pleasant enough without the Pixies, and it will continue to be so,” (...) “You don’t want to come? As you wish. Don’t come.”
"A vida ia bem sem os Pixies, e vai continuar assim"(...)"Não querem vir? Como quiserem, estrelinhas de segunda, Não venham."
Talvez fosse melhor não ir mesmo, Noan Chomsky que o diga!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sacrifício das Ideologias Parte Dois

No texto que cancelou o post sobre o vice do PV (coisa que o Musta faria melhor que eu, inclusive), Matt Bai critica a política dos EUA e ressalta que nos idos de 60 o posicionamento político era mais claro: havia uma guerra colonialista no Vietnã, segregação racial, limitações dos direitos civis tão radicais que você por essência é pró ou contra. Hoje, a guerra no oriente médio busca, em tese, combater grupos terroristas, não um simples confronto de nações; há um debate interessante sobre o direito ao aborto - salvo, evidentemente, as estúpidas certezas que possuem os radicais de ambos os lados. Posicionar-se não é mais tão claro.

Tente analisar as questões possíveis e verá que a incoerência dos partidos não é tão absurda: Ditames liberais e estatais vêm um resolvendo os problemas do outro desde o Iluminismo, as relações internacionais não são mais uma decisão simples entre apoiar EUA ou URSS: há o ultra liberalismo das transnacionais apoiadas na falta de opção dos países subdesenvolvidos, liberalismo Norte-Americano, o liberalismo comedido do Reino Unido, o protecionismo meio livre da União Européia, o Socialismo de mercado Chinês, os controladores regimes do Oriente Médio, o Socialismo do século XXI andino, o Casa-da-Mãe-Joanismo do Mercosul e Sabe-Deus-Mais-Que-Outras-Possibilidades.

Trazendo a visão pra terra tupiniquim, fica evidente que não dá mais pra sustentar as bandeiras do começo do século passado, a não ser que você ainda ache uma boa idéia o plantation escravagista do DEM, no industrialismo tóxico do PP ou que ache que livros como a Bíblia do PSDC ou n'O Capital do PSOL ou PSTU sejam integralmente atemporais, sem qualquer relação com o tempo em que foram concebidos.

O maniqueísmo PT x PSDB mostra que ainda estamos na década de 60, entre militares e militantes. Nem mesmo esses partidos conseguem, nem pretendem, sustentar esse debate retrógrado que, ainda que inconcluso, não pode ser tomado como definitivo para a leitura do cenário político atual.

A falta de definição do PV é um sinal de despreparo , mas também um primeiro passo no sentido de encontrar alternativas políticas para os novos tempos. O problema é que, feito sem precauções, pode trazer mais problemas que soluções.

domingo, 6 de junho de 2010

Sacrifício das Ideologias Parte Um

Um post sobre o vice do PV, que estou devendo, estava praticamente pronto, mas, como muita gente gosta do PV, vou postergá-lo. Um outro, sobre incoerência partidária, também estava engatilhado, e esse texto sobre debates retrógrados foi cabal para eu decidir postá-lo primeiro. Como os dois inspiram muita ladainha, divido o post em duas partes:

Até então, estudando os candidatos, chamava-me a atenção a falta de coerência ideológica dos partidos. PT, PSDB e PV tem cores estranhas nas bandeiras que defendem.

O PT, tradicional crítico do neoliberalismo e da corrupção tucanos, não tinha um paradigma econômico definido. Despreparado, tomou pra si o sistema vigente, com êxito de dar inveja aos antecessores. Tanto na economia pública como na privada, se é que fui claro...
O PSDB se revolta com a carga tributária, avessa ao projeto liberal que lhe rendera alguns frutos quando governava, e se esquece (só às vezes) que o projeto social democrata prevê um estado forte e atuante na economia, consequentemente caro.

O curioso caso do PV brasileiro, onde os ambientalistas se alinham à tímida "centro-direita", contrariando a regra global, é fruto de militância de uma classe média de melhor escolaridade que se opõe ao capitalismo selvagem da bancada ruralista (liderada pelo DEM) e vê com tortos olhos políticas assistencialistas do governo federal. Em tese o posicionamento é legítimo, mas na prática, as coisas são um tanto mais complexas: para conseguir expressão, o PV se aliou a chapa liderada pelo PSDB, que inclui o DEM

O PPS e o PCdoB tem feito movimentações políticas tão coerentes quanto um jogador de futebol palmeirense que vai jogar no Corinthians por que lá teria maior chance de aparecer. Quanto ao multifacetário PMDB, falar sobre coerência ideológica significaria desfazer o partido. Os únicos que possuem essa coerência são DEM, PP no córner direito, contra PSOL e PSTU no córner esquerdo, se você acha coerente definições políticas com mais de um século de aplicações infrutíferas.

Essa bagunça de princípios mostram que os partidos se importam muito mais com o poder do que o viés político que representam. No próximo post, no entanto, pretendo mostrar que a infidelidade ideológica dos partidos é também um sinal dos tempos, um sinal da obsolescência dos dogmas e a necessidade de se buscar alternativas. Até lá!