terça-feira, 4 de maio de 2010

TERCEIRA SEMANA

“Si, pero que vos habla muy bien castellano”, disse a senhora cubana (residente na Califórnia desde que se implantou a revolução), em breve conversa ao ceder meu assento em uma de nossas viagens pelo subte (metrô).

“Acá solamente por dos semanas ya sabes bien la lengua”, confessou um vendedor, ao passar de 5 minutos de conversa, tentando me vender algumas das camisetas que exibia em sua loja.

A terceira semana termina e fico otimista por acreditar que melhorei bastante aquela conversa inicial, de apresentação, um tanto quanto superficial, mas de inegável importância.

Passo o primeiro dia acompanhado de minha namorada, Ana Lis, e repito praticamente o mesmo trajeto turístico em Buenos Aires: Casa Rosada e algumas horas na Rua Defensa, pela Feira de San Telmo. Voltamos sob uma forte chuva de granizo e, acabando o domingo, assistimos um programa na TV argentina sobre a devastação da soja, citando o documentário “Soja de la hambre”.

Na segunda-feira, além de conhecermos o Museu de la Ciudad, fomos ao teatro para assistir a gravação do programa “Radioactividad”. Uma bela homenagem aos tempos áureos do rádio, onde tive o prazer de ouvir a cantora argentina Júlia Zenko, que demonstrando algumas das músicas de seu cd “Para Elis”, revelou uma voz excepcional e um sotaque quase imperceptível ao cantar as canções de Elis Regina.

No dia do feriado brasileiro de Tiradentes (quarta-feira) fomos até o Museu Fernando Blanco, que tem um acervo sobre a colonização espanhola na América do Sul, a presença dos Jesuítas e fala um pouco da exploração dos indígenas naquela época. No caminho do museu, quase me furtaram enquanto caminhava pela rua Florida: uma mulher tentava aproveitar a rua movimentada e uma possível distração para abrir minha mochila. Felizmente para mim, é claro, percebi a tempo e a tal mulher saiu ligeira e, literalmente, pela tangente até perdê-la na multidão.
A quarta-feira terminou com uma boa e gratuita noite de Jazz, com a banda Jazz Daniel`s no bar Roxy Live, em Palermo.

Na quinta-feira eu, Ana e Marion (a francesa) fomos ao bairro “La Boca”, onde experimentamos um churrasco um tanto “psicodélico”. Uma comida ideal para os que têm um olfato aguçado e um bom espírito de aventura.

Na sexta, conheci a casa do eterno cantor Carlos Gardel e me surpreendi ao saber da influência da música e dos artistas negros na história dessa expressão de tristeza que agrega a paixão e a ferocidade em um drama admirável, o tango.

O último dia desse breve relato semanal, no qual eu e Ana comemoramos dois anos de namoro, começou mais cedo. Acordamos às seis horas da manhã e fomos ao bairro Flores para comprar algumas roupas de frio por um preço acessível. À tarde fomos à Praça Nações Unidas, para a celebração do Dia da Terra (Día de la Tierra), com apresentação da cantora brasileira Bebel Gilberto.

Engraçado pensar que ou eu busco sempre coisas e eventos relacionados com sustentabilidade e ecologia, ou essas coisas sempre acabam aparecendo no meu caminho sejam em eventos, folhetos, shows, filmes e projetos.

O Dia da Terra em Buenos Aires me impactou como um evento de grande proporção, com palestras construtivas, iniciativas admiráveis, mas como contradições infelizes: folhetos de papel não reciclável distribuídos compulsivamente (por cada fundação, ONG e por comerciantes de produtos vegetarianos), papéis e garrafinhas jogados ao chão e a grande publicidade das marcas patrocinadoras e suas tendas pelo evento.

E assim acaba o sábado. Espero que venha por aí uma semana tão proveitosa quanto e que passe mais vagarosamente.
Peço perdão mais uma vez pela demora a escrever, justificável (ou não) pelos compromissos afetivos e pessoais que me obrigaram a não permanecer muito tempo no computador.

Beijos e Abraços a todos!
Saudades, saudades...

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