segunda-feira, 28 de março de 2011

Caetano, Lobão, e clichês

Caetano e Lobão brigaram (Clichê).
O motivo agora é o blog da irmã do tropicalista: Maria Bethânia, uma cantora de sucesso, solicitou o direito de arrecadar uma grana através da Lei Rouanet (Clichê).

O povo do Twitter criticou (Redundância). A crítica envolve desde quadrúprdes que acham que a verba de Cultura deveria ser investida em hospitais, a velhos críticos da forma com que a lei vem sendo aplicada, servindo de moletas para quem em tese poderia se virar...
Nesse miolo todo há gente muito sensata, gente menos sensata mas competente, gente tão pitaqueira quanto este blogueiro, gente estúpida e o Lobão.

O Lobão é um surfista de polêmicas profissional. Saindo do tubo do Restart, avistou uma onda muito maior quando o Minc divulgou que BethÂnia poderia arrecadar sua bolada de 1,3 milhõezinhos. Talvez ele não esperasse que o mar estivesse tão bom: Caê resolveu defender
sua irmã e os dois ganharam mais uma flor pra brincar de mal-me-quer-bem-me-quer.

Só que o Caetano, a despeito da sua idade, bate forte. Enfureceu o colunista preconceituoso e que no final de sua tréplica quer que façamos o que, se tão simples, poderia ter feito. O golpe de Caetano foi malicioso. Bateu em meio mundo, mas em especial no ego de Tognoli e do músico. Um diz que escreveu sua auto-biografia, e o ghost writter, concordando, afirma que fez toda a pesquisa documental que o "pós-ditadura teceu contra Lobão". O ego de Tognolli vai ser um grande empecílho para manterem essa versão.

Não que a crítica ao financiamento público de arte com grande potencial de consumo seja de todo incoerênte. É cruel que iniciativas precisem dividir talvez sua única forma possível de financiamento com estrelas da música popular.

Acontece que uma visão utilitarista, sistêmica, é insuficiente para mensurar a Arte. A Maria Bethânia e sua equipe (bem como Nando Reis, Maria Rita entre outros) precisam ter planilhas pra isso, esse é o ganha pão deles. Não justifica o excesso nos pedidos.

Por outro lado, quando pensamos que nossa população não tem a cultura de fomentar expressões artísticas, que achamos justo que alguém confinado por meses ante dezenas de câmeras receba uma recompensa equivalente as questionadas sem maior alarde, que artistas preocupados com sua estética física consigam divulgação midiática muito maior que aqueles preocupados com a estética de suas obra, bem, aí dá pra imaginar quão delicado é ser artísta no nosso convívio, e que talvez esses artistas merecessem ganhar tais somas pelo valor que agregam às nossas culturas e identidades, sem precisar de tirar dos menos propalados as migalhas que o MinC lhes permite disputar.

sábado, 26 de março de 2011

Vale outro post

Em Tempo: Segundo o IG, o Agnelli sai 19 de Abril e o diretor de ferrosos da Vale, José Carlos Martins ou o CEO da subsidiária Inco, Tito Martins, seria o nome que Guido Mantega e o Bradesco teriam escolhido como substituto na tarde de ontem. O primeiro, indicado pelo antigo presidente. O último, indicado pelos acionistas do governo.

Seja como for, Roger Agnelli sairá por ter desagradado acionistas seja por "insubordinação" (como vão dizer os críticos do governo) e por desespero para manter-se no cargo ( segundo o Bradesco).

Quem o está demitindo, seja da Bradespar ou do governo (via BNDES ou Banco do Brasil) o conhece bem, pois trabalharam juntos como membros do comitê Estratégico da Vale.

Pelo visto, a hashtag #ficaAgnelli terá a mesma utilidade que a #fichalimpa. A dica é tentar uma campanha #teamTito ou #teamJoseCarlos, dependendo da sua afinidade. A Vale está como a PUC: É privada, mas tem confusão com clientes, bedelho estatal, hábito de descontar nos funcionários e até pitaco da população... e, por baixo da discussão, a velha conversa.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Vale o debate?

A ordem do dia no comitê Tucano é tuitar qualquer coisa com a hashtag #ficaAgnelli. Do lado Petista, sem muito ibope, o mote #foraAgnelli quer fazer frente aos rivais.
Como é natural na rede do passarinho azul, gente que se afina com um partido ou outro entra no debate, mesmo sem entender muito de economia. Como é ainda mais comum, gente que quer divulgar links se aproveita da popularidade do tópico dificultando cada vez mais saber do que se trata.

Apesar do jeitão da Tag, o famigerado não é um bigbrother no paredão. Roger Agneli é o presidente da Empresa/cabo-eleitoral Vale do Rio Doce. Deu no Estadão que o Palocci teria pedido ao "Bradescoprev" pra ele sair. O Palocci nega, mas não seria um boato absurdo, uma vez que a intervenção já era prevista antes mesmo da eleição de Dilma. Brigar com o Palocci não é bom. Uma galera ficou meio revoltada com a possível intervenção e começou a reclamar.

A Vale é sede de uma série de debates que caem na disputa "Ação do Estado X Autonomia do Mercado". Apesar da segurança com que o pessoal resume sua opinião à 140 caracteres, o assunto é tão complexo que o Nobel de economia vai uma ano pro #teamState e outro pro #teamMarket.

A treta é a seguinte: O Estado te garante o salário mínimo, que sem ele, os empresários não te pagaríam nem essa merreca (ou você acha que pagariam?). Mas quanto mais alto ele for, mais caro será o custo de vida, já que as empresas repassam o preju pros preçõs de seus produtos. Esse resumo é como tentar colocar um cd inteiro do Pink Floyd num refrão do Ramones.

E sai no Brasil Econômico que, na real, querem a saída do Agnelli por causa da compra da produtora de cobre Paranapanema. Eu, modestamente, duvido que uma divergência sobre uma empresa tão pequena gerasse tanta polêmica.

No final das contas, a briga é pelo controle da empresa. O Estado está se portando como um acionista insatisfeito, bem ao gosto do mercado. Curiosamente, os liberais estão querendo impedí-lo.

sábado, 12 de março de 2011

#falalobao Que eu te esculacho

post atrasado e oportunista sobre a polêmica entre crianças bobas e um velho babão:

alguns fatos estruturais:
- educação falida nos estados do sudeste, que veem o restante do país como floresta amazônica;
- mídia viciada em estereotipos preconceituosos:
Se em jornais, brasileiros de fora do sudeste são interioranos pitorescos ou vítimas de violência;
Se em novelas, os brasileiros em questão são sempre ligados a profissões pouco valorizadas, e, se nos principáis papéis, se apaixonam por alguém rico e do sudeste;
Em ambos os casos, o sotaque é caricatural e absurdo;
- tradicional preconceito regional do sudeste, que acredita ser " a engreagem principal do país" e que o resto da população sobrevive às suas custas;
- visão elitista predominante de que políticas assistencialistas sustentam vagabundos, disperdiçando dinheiro público (quando na verdade geram lucro e desenvolvimento);
- mídia (grande e mesmo independente) que se propõe nacional mas que geralmente subjulga regiões norte, nordeste e mesmo centro-oeste;
- preconceito histórico contra pobres e a associação indireta a imigrantes internos por conta dos sub-empregos que lhes foram ofertados e as condilções de moradia às quais foram submetidos;

fato circunstancial:
- Thomas, da banda de RockConfetti Restart, afirma não saber se há civilização em Manaus;

Quais desses seria alvo mais coerente para uma crítica que vise respeitar a identidade nacional e apontar para a resolução de um dilema delicado que é o preconceito regional interno no Brasil?

Se você é uma estrela geriátrica do rock cafona e que está desesperadamente precisando de Ibope de adolescentes coloridos pra garantir seu emprego na cada vez mais mamônica MTV, a resposta é fácil. Vamo bater no Restart.

Se você é um blogueiro no final do curso de jornalismo, é melhor ignorar todos os temas estruturais, e ainda o circunstâncial, e bater na estrela caduca do Rock, cujo som nunca te agradou, tão pouco suas opiniões em busca de polêmica gratuita. De repente você consegue uns acessos da molecada...

sábado, 5 de março de 2011

Libia, esquerda e direta

O maior problema da esquerda são os ditadores que dizem defendê-la e o segundo maior são os militantes que defendem esses tiranos. Como um esquerdista laico, quase um pagão, vou traduzir um depoimento que a Al Jazeera postou em sua brilhante cobertura de um massacre de civis que Muammar El (escolha a grafia) está comandando. A intenção é tentar flexibilizar um pouco as certezas de alguns fanáticos.

Ahmed, morador de Az Zawiyah fala para a Al Jazeera por telefone do meio da batalha. Gritando pra ser ouvido sobre o som do fogo da artilharia e de pequenas armas, ele reporta:

A cidade está sendo bombardeada por tanques, armas pesadas e morteiros. Os rebeldes estão se esforçando pra resistir, de forma basdtante primitiva. As forças invasoras são impiedosas e brutais. Há muitos feridos e muita gente assassinada nas ruas.

Não há piedade com os civis. Os tanques do regime atacam a todos indiscriminadamente e não temos como nos defender.

A situação atual é trágica. É muito séria. Nós esperávamos que o mundo interviesse, mas eles nos desapontaram. As balas vêm de todos os lados

Eles estão atirando nos cidadãos Líbios e nos nos convencemos que vamos morrer aqui. Lamento muito, estamos no meio de uma batalha e a artilharia é mito pesada, a ligação pode cair a qualquer momento

Nós fizemos prisioneiros, tirados de dois tanques, e estamos tratando com respeito. Mas eles estão atrando em nós, estão nos matando.

Onde estão as Nações Unidas, ou a Liga Árabe ou a comunidade internacional que tem falado sobre os nossos direitos e sobre nos proteger? Não sei se eles vão cumprir com a palavra deles.

Estou no meio da Praça dos Mártires e estamos conduzindo a batalha. Os tanques nos cercaram e estão atirando em todos os prédios, residenciais ou comerciais. Os tiros e a destruição é indiscriminada e os civisd estção se abrigando nos prédios ao redor da praça - mas eles ainda não desistiram.

Todas as partes da sociedade - todas elas - profissionais ou fazendeiros, estão juntas, ajudando-se na esperança de conseguir sobreviver.

Mas é muita violência, e é indiscriminada - e quanto ao número de mortos e feridos? eu não pude contar ainda. PRECISAMOS DO MUNDO AQUI, PRECISAMOS QUE INTERVENHAM - PALAVRAS NÃO BASTAM. NÃO É UMA QUESTÃO DE GÁS OU PETRÓLEO QUE PRECISAM PARA O PAÍS DE VOCÊS - SÃO VIDAS HUMANAS E SANGUE SENDO DERRAMADO - NESTE INSTANTE.

Ditadores são um câncer, independente de onde se situam no espctro político. Bóbbio já avisou, quando diferiu esquerda e direita, que os radicais não estão afastados nas pontas do raciocínio ideológico: extremas esquerda e direita são muito mais similares entre sí que seus pares moderados.

Independente do seu tom de cinza entre o preto e o branco, esteja atento pra não manchar-se de sangue inocente.