SEGUNDA SEMANA
Passada a primeira semana, de minhas primeiras impressões “digitais” sobre Buenos Aires, como disse Arnaldo (um bom amigo da família) esta semana acabou com algumas percepções mais sutis na rotina e nos caminhos feitos por Buenos Aires.
No domingo fui com minha irmã para o famoso e, quase exclusivamente, turístico Caminito, no bairro porteño “La Boca” que guarda suas particularidades pelo tango dançado e tocado em alto volume na frente dos bares e restaurantes, e por seus sobrados característicos em uma alternância de cores vivas e chamativas que encantam os pedestres com suas ferozes máquinas fotográficas (além é claro, dos dólares, euros e reais na carteira).
Da Boca, fora a venda de milhares de camisetas, enfeites e recordações, guardo o quão vale algumas moedas em Buenos Aires (já que precisamos de cerca de três lojas para conseguir os trocados necessários para o ônibus coletivo que nos levasse até lá). Guardo, também, a imagem do garçom “tcholo” que, ao nos atender, disse que a cerveja Quilmes, estava “Gelaaaadaaaa pra Caraalhioooo”.
Na segunda-feira à tarde, pude conhecer na Avenida de Mayo algumas das milhares de livrarias porteñas. Fiquei perdido no meio de livros por todos os lados e no meio da vontade de levar quase tudo para casa. À noite, dei de cara com a porta de uma escola de tango, o que nos levou (eu, minha irmã e Henrik, o alemão) a pararmos no bar mais próximo e mais barato para encerrar melhor o dia.
Buenos Aires acorda meio São Paulo na terça-feira. O tempo de chuva escassa e contínua e um frio que incomoda, mas que não nos obriga a colocar blusas pesadas, acompanha a cidade até o final da semana.
Ao decorrer da semana pude conhecer e me decepcionar com a Biblioteca Nacional que, apesar de ter me surpreendido com seu imenso tamanho, deixou-me só com a vontade de vasculhar seu acervo, já que a procura dos os livros apenas se dá por um sistema de informática e não fazem empréstimos das obras, permitindo exclusivamente as consultas.
Na sexta-feira, descobri que o já citado americano (Jake, colega do curso de espanhol) é formado em História, apesar de trabalhar com informática e tecnologia. Fiquei um pouco intrigado com sua formação depois de uma conversa em que ele (declarado admirador de nosso país com suas mulheres simpáticas e receptivas) confessou que prefere o Brasil porque o acha bem mais democrático que a Argentina. Segundo ele, o país de nuestros hermanos é “socialista demais”.
Ao término da semana me ocupei bastante com a expectativa e preparativos para a chegada de minha “novia” – namorada – e finalmente acabei de ler o livro “Jangada de Pedras” de José Saramago. No sábado, me indicaram o caminho errado para pegar o ônibus que me levasse ao aeroporto. Consegui recuperar a direção e coloquei para fora todos os xingamentos possíveis aos que nasceram desse lado da tríplice fronteira. Por fim, acabei a semana melhor do que o previsto: bem acompanhado e jantando um belo prato de milanesas a la americana.
A 1719 km de minha cidade natal crescem as saudades, saudades das minhas famílias, dos amigos e das expectativas (cada vez maiores) da minha estada aqui em Buenos Aires. Na próxima semana venho com menos atraso e com mais novidades.
Beijos e abraços.
Gabriel Salgado “Musta”
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