PRIMEIRA SEMANA
A primeira semana acabou e fico com a sensação que tenho de melhorar muito o falar castellano, que compreendo cada vez mais o que escuto pelas ruas porteñas, que tenho a ganhar cada vez mais com o intercâmbio com os outros “gringos” das aulas de espanhol e que as personas de Buenos Aires tratam de forma inusitada as pessoas que fazem suas artes e seus pedidos nos transportes públicos.
A semana começou com os exames clínicos de minha irmã, exigidos pela empresa, em um laboratório que se pode caracterizar como não tão organizado e, tampouco, higiênico; e também, com a minha procura por um curso de espanhol que fosse, ao menos, regular e barato. Encontramos na segunda-feira, final da tarde, o Instituto Universitário de Lenguas Modernas (IULM), próximo à linha de “metro” Facultad de Medicina.
O começo do curso, na manhã de terça-feira, se fez curioso pela diferença de culturas taxadas na cara de cada um dos alunos “extranjeros” e de uma professora argentina (Silvia) bem “doidona” que está saindo da meia-idade, com seus cabelos coloridos, sua voz estridente (característica recorrente em mulheres argentinas) e seus decotes “fora de época”. Somos em 4 brasileiros (eu – SP, Diulliany – SC, Areli – GO, e Suzana - PE), uma francesa (Marreon), um alemão (Henrik), uma canadense (Angelic) e um norte-americano (Jake), que alega veementemente que não há problemas com os estrangeiros em seu país.
Na quarta, conhecemos nosso segundo professor (que dá aulas em dias alternados aos de Silvia), Federico, sujeito que me lembrou muito o personagem “Godines”, com cabelo um pouco mais escuro e uma feminilidade “implícita-explícita” o que, independente de escolha ou opção sexual, me parece também ser uma característica recorrente só que, neste caso, em professores de línguas extrangeiras.
Conheci, na quinta-feira, com Angelic (CAN) e Marreon (FR), o Centro Cultural Recoleta, com exposição de fotos de Frida Kahlo e Diego Rivera, e o Cemitério de Recoleta onde está Evita Perón. Esta visita foi encerrada, no entanto, por uma fome acentuada que atingia fortemente minha região estomacal e que foi “detida” por uma massa do famoso e providencial “Super Pancho”, por apenas quatro pesos, conhecido também em terras brasileiras como “cachorro quente”.
Encerrando a semana, na tarde de sábado, fui caminhar sozinho para conhecer algumas ruas do centro da cidade, reparando como é impossível que tenha uma só viagem pelo metrô aqui em BA em que não haja pessoas ora com artes, ora com súplicas. Achei bonito os aplausos dos passageiros quando o senhor e seu arcodeon terminam a segunda música naquele vagão, e fiquei confuso quando uma menina, com seus doze anos, passou vendendo cartões, ao mesmo tempo que o senhor cego declara as lamúrias de sua vida, ao mesmo tempo em que um senhor alto e gordo passa com seus filhos vendendo balas e uma anciã entra no vagão com um adolescente em cadeiras de rodas que impressiona e choca os passageiros, todos na caça de alguns trocados.
Enfim... Hoje é um sábado de El chavo (Chaves), de Homero (Simpsons) e milanesas, amanhã é domingo e segunda-feira meus amigos... Começa tudo outra vez!
Beijos e abraços a todos.
Saudades, saudades...
Gabriel Maia Salgado “Musta”