sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CQSenta lá, Cláudia

Atendendo à provocação do Russo, vou comentar sobre o prorama do Marcelo TAS.
O cara é um gênio da mídia, sabe fazer TV como ninguém. Depois do Serginho Groismam, claro.
A mais notória peripécia dele é a adaptação do Argentino CQC, de estrondoso sucesso.

Não tiro seu mérito de saber reciclar o programa dos hermanos e adaptá-lo à nossa cultura.
Se o humor faz sucesso aqui mais que tudo, que mantenhamos o humor. Se é sexo que as pessoas querem ver, que o sexo seja abordado no programa. Esculacho de políticos e estrelas, tem relativa importância, que os esculachem. São itens essenciais para a sobrevivência de um programa na TV com as pretensões do CQC. O mal do CQC, bem como da mídia nacional em geral, é não desafiar o espectador.

Em nome da audiência, uma fórmula de programa que poderia dar certo além de não evoluir vai se desgastando, caindo no óbvio. Foi assim que o humor resumiu-se aos bordões da Praça É Nossa ou Zorra Total. Com o CQC, a história se repetiu.

Quadros como o Proteste Já perderam seu caráter de denúncia de patrimonialismo para virar relatório de violência aos repórteres, com direito à chamadas durante a programação com cenas das agressões. Logo, o caráter político do programa foi se perdendo, dando lugar ao tititi de festas de ente famosa e piadinhas baratas no pior estilo Amaury Júnior. O Pânico já fazia essa bobagem há anos e pelo menos algumas nádegas aparecem entre um entrevistado e outro.

Essa queda na qualidade do programa - de seus critérios - ocorre em nome da audiência e da lógica "se eu exigir menos do espectador, mais gente consegue ver". Qualificar o espectador é muito difícil em um país cuja educação é convenientemente desprezada, mas quando não há nenhuma tentativa neste sentido, é sinal de nada de novo vai ser apresentado ali.

Há sim como falar com o público sem ser raso. O Altas Horas, às 2 da madrugada de sábado, disputando com o Cine Privé, fala de sexo com a Laura Müller. É uma forma de emancipar o povo, tão igorante no assunto.

Falar de política sem esculhambar figuras, mas explicando as ideias dos partidos seria uma tentativa de emancipação, mas isso é querer demais. Escancarar a ignorância de alguns políticos já serve. O mau-caratismo de outros também. Mas bater no Maluf, no ACM, é praxe, não conta.

Quem precisa ser escancarado, Bolsonaros, Afanásios, Dirceus, Agripinos etc são deixados na paz das entrevistas dos jornalões que os bajulam, protegem ou não conseguem alcançar. CQC fez isso no início. Não faz mais. Prestou um serviço pra população. Não presta mais.

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