Até então, estudando os candidatos, chamava-me a atenção a falta de coerência ideológica dos partidos. PT, PSDB e PV tem cores estranhas nas bandeiras que defendem.
O PT, tradicional crítico do neoliberalismo e da corrupção tucanos, não tinha um paradigma econômico definido. Despreparado, tomou pra si o sistema vigente, com êxito de dar inveja aos antecessores. Tanto na economia pública como na privada, se é que fui claro...
O PSDB se revolta com a carga tributária, avessa ao projeto liberal que lhe rendera alguns frutos quando governava, e se esquece (só às vezes) que o projeto social democrata prevê um estado forte e atuante na economia, consequentemente caro.
O curioso caso do PV brasileiro, onde os ambientalistas se alinham à tímida "centro-direita", contrariando a regra global, é fruto de militância de uma classe média de melhor escolaridade que se opõe ao capitalismo selvagem da bancada ruralista (liderada pelo DEM) e vê com tortos olhos políticas assistencialistas do governo federal. Em tese o posicionamento é legítimo, mas na prática, as coisas são um tanto mais complexas: para conseguir expressão, o PV se aliou a chapa liderada pelo PSDB, que inclui o DEM
O PPS e o PCdoB tem feito movimentações políticas tão coerentes quanto um jogador de futebol palmeirense que vai jogar no Corinthians por que lá teria maior chance de aparecer. Quanto ao multifacetário PMDB, falar sobre coerência ideológica significaria desfazer o partido. Os únicos que possuem essa coerência são DEM, PP no córner direito, contra PSOL e PSTU no córner esquerdo, se você acha coerente definições políticas com mais de um século de aplicações infrutíferas.
Essa bagunça de princípios mostram que os partidos se importam muito mais com o poder do que o viés político que representam. No próximo post, no entanto, pretendo mostrar que a infidelidade ideológica dos partidos é também um sinal dos tempos, um sinal da obsolescência dos dogmas e a necessidade de se buscar alternativas. Até lá!
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