Talvez eu esteja tomado pela cega euforia daqueles que de fato acreditam em mudanças efetivas por conta da eleição de um candidato cuja tez ebanesca virginalmente representará a família de maior representatividade de poder num já tão judiado planeta.
A escolha do primeiro presidente negro, hoje, não significa nada além de seu enunciado. O que já muito representa.
-Nada, porque ele é negro, e isso não o faz melhor, pior, nem mais capaz que McCain, Hillary, Mickey Mouse ou meu pai. Seu carisma e seus acessores são bons. Ele deve provar ser bom agora.
-Muito, porque um bom governo democrata (o partido dele significa muito mais que sua etnia) derruba mitos conservadores que ainda colocam Bushes, Berlusconnes, Sarkozys e Paes no poder.
Otimismo?
Otimismo lhes mostro:
Obama tem grandes chances de não ser assassinado durante seu mandato.
Martin Luther King levou antes o tiro para que o Senador de Illinóis pudesse sonhar em ser um político algum dia.
Para que o tom de sua pele, que a melanina altera o comprimento de onda de luz fazendo-o negro, pudesse parecer tão desimportante quanto a explicação científica das diferenças genéticas entre seres, humanos todos no final das contas.
Para que (décadas sobre a década do sacrifício do líder religioso, tão liberal, a despeito daqueles que dizem estar mais próximos de Deus quanto mais se prendem a velhos dogmas, por mais preconceituosos e antiquados que sejam) a pele pudesse ter a liberdade de não significar nada.
Eu - negro misto, descendente de Baiana cujo sangue vem dalgum confim da África; e de um paulistano, filho de mineira, cujo plasma das veias atravessou o continente num navio europeu, Deus sabe em que função, partindo de sei lá que porto- que nunca fui ativista racial, que sempre achei que um dia o preconceito acabava se eu não ligasse pra ele, fico feliz afinal em estar certo.
Minha covardia de sorriso amarelo-cortezia deu certo sim, porque, antes, alguns homens discordaram de mim.
Obrigado a todos.
E todos agradecemos a Martin Luther King