Mas afinal, quem é esse que dedica parte do seu tempo para noticiar o falecimento de famosos que por acaso ainda estão vivos?
Seu trabalho de checagem é elaborado. Impressiona pela complexidade. Trata-se de um raciocínio lógico: foi internado, então morreu. Está em coma: luto. Cabelo branco: uma grande perda.
Depois desse trabalho árduo, manda e-mails, coloca a notícia nas redes sociais e só espera a repercussão. São milhares de compartilhamentos, comentários, até que alguém lá embaixo na timeline avise “peraí, galera, o cara tá vivo!”. Mas não tem problema. Amanhã ele publica a notícia de novo.
Lutou bravamente contra o centenário de Oscar Niemeyer e o fim do mandato de José Alencar. Já enterrou José Sarney, Jô Soares, Cid Moreira e Roberto Bolaños.
É o único autor de obituário que precisa publicar uma errata, direito de resposta ou “outro lado”, que neste caso, não é o lado da morte. É o lado de quem não morreu e não gostou muito dessa brincadeira de ficar sabendo pela internet que passou dessa para uma melhor (ou vai saber...).
Dono de um currículo invejável é também fotógrafo de mão cheia (não me pergunte de que). Tirou fotos exclusivas dos cadáveres de Osama Bin Laden e de Paul Walker, instantes depois da execução e acidente, respectivamente. Tratou de publicá-las depois dos acontecimentos, sem censura, para todo mundo ver o que só ele viu.
Em tempo: ele lamenta profundamente o uso inadequado de seus furos jornalísticos em golpes na internet. Links maliciosos com vírus costumam ser colocados nas fotos de ídolos recém-falecidos. Um absurdo. Afinal, estragam todo o trabalho de apuração que teve para escrever sobre as causas de morte de quem ainda respira. Perde toda a credibilidade.
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