Mais um
trágico espetáculo de pretensa defesa da ética, moral e família, deu as caras
no humorístico CQC da Rede Bandeirantes. Já se discute a duras condenações a
alucinada busca por polêmica do programa ao tentar incriminar sem crime um
pseudo-criminoso por pedofilia.
Válido e
sensato analisar o atual uso do programa. Iniciado com nobres propósitos de
elucidação cidadã do telespectador em meio aos programas televisivos carentes
de reflexão, aos poucos o CQC foi se rendendo aos padrões atuais da televisão: polêmica
gera audiência, que gera patrocinadores, que trazem maior faturamento.
Mercenários? É o sistema.
Ao que tudo
indica, aqueles primeiros objetivos de um programa crítico foram soterrados
pela fama instantânea e consequentes surtos de egolatria por parte de muitos
integrantes, custe o que custar.
Alguns
ganharam programas próprios, todos, seguidores de twitter, e nós ganhamos mais
um humorístico sem humor que cava às profundezas do ridículo em busca da
famigerada polêmica.
O aquário de
egos soi-disant politizado parece estar dedicando mais tempo às festas de
celebridades e adulando globais que propriamente buscando a tal elucidação
política custando o que custar.
Quando
muito, o quadro dedicado a módico esculacho de autoridades irresponsáveis vai a
distantes cidades, onde tais autoridades são conhecidas pelos 15 mil habitantes
locais. Peixe-grande é muita areia pras moscas que “correm atrás”.
E nessa
cadência de evitar figurões ou só atormentar os sempre unânimes Renan
Calheiros, José Sarney e Fernando Collor, se escondem os rabos presos dos
paladinos televisivos da ética.
Qual
cobertura deu o CQC e quais autoridades o CQC inquietou, quando o Código
Florestal estava em pauta? Vale lembrar que a Rede Bandeirantes acolhe a
pecuária e o agronegócio e dedica, inclusive, um canal a tais atividades. Além
de editoriais telejornalísticos devotos do grande latifúndio. Onde estavam os
defensores do Brasil e seus óculos escuros? Numa fazenda, talvez.
Além de
pautas cada vez mais voltadas ao frívolo, como acirradas, excitantes e
atraentes pelejas de bola ao balde, piadas batidas e de final esperado,
constrangedoras lambidelas em celebridades, claras sujeições a peixes grandes e gracinhas com figuras como Bolsonaro e Maluf, o programa funciona de pedestal para a torrente de ninharias evacuadas por mentes supostamente geniais, caso do âncora Marcelo Tas, que esconde argumentos
pouco fundamentados em censuras clichês e partidarismo exacerbado.
Tudo indica
que essa é a linha mestra do programa: críticas unânimes, sem novidades, por
rabo preso e sujeição hierárquica. Obsessão por uma indignação baldia, cujo
pano de fundo é a cobertura de festas de celebridades que, muitas vezes,
alimentam os problemas criticados. Baluarte de egos inflados do humor fácil,
muitas vezes preconceituoso, da suposta inteligência alastrada twitters afora.
Mas, agora, também
a insana caça por audiência, por patrocínio e rendimentos, custe a quem custar,
sem responsabilidade ética, sem claros propósitos positivos e tudo em nome do
circo televisivo, como um programa de TV qualquer.
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