Em poucos momentos
antes, na história deste país, a liberdade de expressão foi tão atacada, em
regimes democráticos, quanto nos recentes tempos. Com eleições municipais
tomando os ares da socialização virtual, fanatismos, partidarismos e mesmo
críticas responsáveis são duramente atacados pelos atacados, pelos ofendidos. É
o tempo de se pensar em política, lamentavelmente.
Com lamento
porque não há tempo para se pensar em política. Essa se vive, dia-a-dia,
inescapavelmente. Ou nunca reclamamos da corrupção por pensar em política a
todo tempo, ou reclamamos da corrupção a todo tempo por nunca pensarmos em
política. Questão de escolha e compromisso, individual e coletivo.
Mas como o
processo eleitoral é bienal, a mesma frequência se vê nas acirradas disputas registradas
em blogs e redes sociais. É tempo de se tirar a indumentária de cidadania do
armário, por mais que seja só para rosnar os já cansados "palhaçada",
"ladrão" e choros similares.
O que move o
posicionamento político em período eleitoral pode assumir diversas e caricatas facetas:
Há os cegos militantes
que defendem alianças sinistras a qualquer custo, vítimas de um
sistema partidário anacrônico que alimentam..
Há os cegos
militantes que culpam os outros pelas mazelas criadas por seus próprios
representantes, vítimas da má-fé e da cumplicidade, por vezes criminal.
Há os cegos
eternamente chorosos, que papagueiam que horário político é cardápio de ladrões
e que voto não muda nada, só há corruptos, vítimas da preguiça e do narcisismo.
Mas há,
escassos, os que a todo momento pensam em política e carregam razões, feridas e
esperanças em anos de eleições. Numa análise não muito científica, pode-se
constatar que desses, a grande maioria pode ser considerada "suja" pelos recentes e renhidos ataques da campanha José Serra.
Dos
principais alvos da colérica birra da campanha tucana, constam os jornalistas PH Amorim e Luis Nassif. Mas creio ser grande a lista dos que reivindicam um
espaço nesse leque dos "sujos". Eu mesmo me coloco nesse hall, com a
modéstia pra escanteio.
Me considero
sujo por usar um espaço público e um direito constitucional para me
pronunciar e me manifestar
politicamente. Já compus algumas vírgulas sobre a precária carreira política de
José Serra, neste mesmo blog.
A ideia é
prosseguir na função, da crítica, da revelação, da denúncia, do debate. Por que
é de liberdade de expressão, de informação e de pensamento que também se faz um
país, se faz um povo.
Sejamos sujos
por não aceitar a sujeira de São Paulo. A sujeira de aventureiros imobiliários,
do predomínio absoluto do transporte individual, a sujeira da ausência de
coleta seletiva e das sujas fichas públicas dos que reinam na suja Pauliceia.
Enfim, sejamos sujos por querer limpar.