quinta-feira, 24 de maio de 2012

Chamar corintiano de ladrão não é racismo ou preconceito de classe?


Não sou corintiano e nem adepto do discurso politicamente correto a qualquer custo. Discurso esse que tem se tornado um patrulha e provocado ações judiciais desnecessárias como a investigação do vídeo-clipe de Alexandre Pires e muitos outros pedidos de retratação contra humoristas mundo afora.

Em todo caso, um tipo de piada com corintianos passa incólume a essa patrulha e não entendo porquê. Talvez seja porque, como alguns definem, o politicamente correto não deixa de ser uma arma de quem tem alguma força política para manifestar sua opinião.

Fato é que é corriqueira a associação jocosa corintiano/ladrão/analfabeto. Por que isso? Bom, o Corinthians tem uma das maiores torcidas do Brasil, é conhecido como time popular e não é segredo para ninguém que boa parte dessa torcida vem das camadas mais pobres (caso do Flamengo também, por exemplo). Tanto que os próprios corintianos assumiram a alcunha de "Maloqueiros".

Também é fato que negros e pardos são maioria nas camadas mais pobres da população brasileira. Ou seja, a associação vem na esteira da relação que estabelece que pobre e negro é também analfabeto ou ladrão. Ora se há analfabetos no país, isso é retrato da educação precária do Brasil. Já chamar todo um segmento da sociedade de ladrão é generalizar e denegrir a imagem de um grupo.

Fazer esse tipo de piada com corintianos me parece uma atitude racista, ou no mínimo, um preconceito de classe. Muitos outros tipos de piadas foram tachados - com razão - de machistas, racistas ou homofóbicas e aos poucos passaram ao lodo do politicamente incorreto. Será que nesse caso, isso vai acontecer?

* em tempo: até segunda ordem, a piada com a falta de títulos na Libertadores segue valendo. E é engraçadíssima!


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