Prédios dos ministérios em Brasília. Com um bloco de notas nas mãos e um ministro na cabeça, os inspetorescaçam testemunhas. Foto: Orlando Brito |
“E agora,
qual ministro investigamos?” Essa batida frase deve ser repetida a cada queda
de ministro na sala da justiça da grande imprensa nacional.
No rastro
federal seguem os Holmes das redações, os Dupins dos editoriais, os detetives
ávidos pelo furo. Aliás, conhece alguém que pode incriminar algum dos
ministros? Toma meu cartão e aventamos contrapartidas.
Não que seja
errado, pelo contrário. Jornalismo investigativo deve estar a serviço da
população exatamente por essa trilha. Já passamos tantos anos anestesiados com
a corrupção aqui e acolá quando o papo é política. Nada nos surpreende.
Mas sete
ministros? É muita corrupção, não é?
Talvez, caro
cidadão. Os ministros caíram como suspeitos. Alguns com comprovada irregularidade,
caso de Pedro Novais (PMDB) e Carlos Lupi (PDT). E os demais, houve
investigação jornalística depois da queda? Uma nota aqui, outra ali. O
importante é cair.
Mas no
rastro federal eles prosseguem. Os Poirots no planalto central, os Clouseaus
atrás das ONGs e de suas prováveis irregularidades. Lupa na mão e gravador no
bolso. A primeira fagulha de suspeita vira sermão acusatório. Implacabilidade.
Segura
Negromonte! Já não basta a má fama do seu partido, se aparece irregularidade com
seu nome, a defenestração é sumária. Os inspetores seguem seu rastro, em
Brasília e em Cuiabá.
E traga às
claras, Pimentel. Onde há a fumaça da suspeita há o fogo mortífero
dos, por assim dizer, paladinos da ética da oposição direitista. Que papo é
esse envolvendo sua consultoria?
A sala da
justiça da grande imprensa deve ter informantes pela esplanada. Ou melhor: só
deve ter informantes na esplanada, nesse nosso rastro federal.
Agora,
imagine você se o Kassab fosse ministro. Com a chuva de suspeitas de fraudes contratuais
envolvendo a Controlar. E o que dizer do secretário municipal do Verde e do
Meio Ambiente da Pauliceia, Eduardo Jorge? Seu cargo é o mesmo de um ministro,
mas no plano municipal. Em virtude disso seremos mais brandos?
E nas demais
capitais, nos estados da federação, a seguir o exemplo paulista, será que só há
corrupção no rastro federal?
Um dos
principais motivos da numerosa queda de ministros nesse ano não foi meramente a
corrupção. Essa nossa ancestral conhecida não discrimina instância governamental.
Ela faz folia no plano federal, no estadual e no municipal. Ela homenageia
Montesquieu e dá suas caras nos legislativos, nos executivos e no judiciário.
Os ministros
caem porque subiram sob o abjeto regime de coalizão governamental. E é assim em
qualquer canto. Os coligados do vencedor só precisam de uma piscadela para
arrebatar cargos do alto escalão. Vencemos juntos, governamos juntos. Acordo
tácito.
O problema é
que são escolhidos os caciques, os figurões de cada partido coligado. E repito:
é assim na União, nas unidades federativas e nos municípios. Velho costume.
Elementar,
caro cidadão. Que caiam os que precisam cair. Mas e os demais secretários
estaduais e municipais pelos desconfiáveis becos da política nacional? Tantos suspeitos,
como em qualquer conto policial.
Fiquem
atentos, nobres detetives de diários, tablóides e periódicos. Há mais rastros a
seguir pela noite, pois se esses são preteridos, a suspeita pode cair sobre
vocês.
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