Uma "passagem desbotada na memória das nossas novas gerações" que vem à tona na mídia internacional. |
Não é
questão de vaidade. Tampouco de orgulho nacionalista, patriótico. Mas certos
fatos contados na terra brasilis são sufocados pelo oligopólio da informação.
Em boa parte das vezes, a melhor fonte de informação sobre nosso próprio país é
a “foreign press”.
Tal foi o
caso da famigerada crise na USP. A impecável grande mídia nacional compartilhou
o conservador discurso da meia verdade. Abusou da maconha, da reintegração de
posse e dos “baderneiros” e “vandalismo”. Quase sem distinção, como há muito se
faz. Informação em pacotes. Só muda o embrulho da emissora ou da redação.
Tal não foi
o caso da CNN, que contou que a USP
foi tomada por policiais e ainda expôs algumas das reivindicações estudantis,
como a retirada da PM do campus e uma maior dignidade no trato com a educação:
No mesmo
episódio, até a Fédération des Syndicats SUD Étudiant, na França, dedicou uma nota mais elucidativa que toda a
produção da grande mídia brasileira. Eles sabem mais do que nossos grandes
jornalistas ou eles tem mais responsabilidade frente à cobertura dos fatos? Entendem
mais sobre educação e sobre o papel de uma universidade na sociedade, como bem
demonstrado.
Pouco se
fala, na grande rede midiática nacional, sobre a importância ética e histórica
da criação da Comissão da Verdade. Lá fora não acontece o mesmo. Manuela Picq,
na Al Jazeera, deu uma aula de
jornalismo aos nossos rabos presos das grandes redações, mostrando a
importância das comissões da verdade e do reflexo dessa posição do Estado sobre
o processo democrático de uma nação.
Por mais que a nossa Comissão possa ser "para inglês ver", o assunto é profundamente exposto para além de nossas fronteiras.
Por mais que a nossa Comissão possa ser "para inglês ver", o assunto é profundamente exposto para além de nossas fronteiras.
São alguns exemplos de como a realidade crítica e polêmica do Brasil dobra os sinos gringos. Sobretudo, como certas questões são discutidas por um jornalismo livre das amarras de abstrusos acordos entre imprensa e sociedade política. Assuntos explanados de maneira mais clara, imparcialmente internacional.
O francês Le Figaro já em uma manchete destacou a
flexibilização da proteção florestal no país com a tenebrosa reforma do Código
pela câmara federal, coisa que a ruralista Band jamais faria, muito menos o pseudo
ultra politizado CQC.
O espanhol
El País também destacou a aprovação do Código Florestal pelo senado, realçando
que, aprovando a anistia aos desmatadores, o Brasil dá “um recado contraditório
ao resto do mundo”.