Alunos de faculdades públicas decepcionados com o ensino que estão recebendo. Quem são os grandes culpados? É tentador responder que é o governo, mas minha primeira resposta seria: a culpa é do mercado.
Por que? Os cursinho pré-vestibular. Vou partir do meu exemplo: as aulas eram divertidas, interessantes sim, mas os professores sempre tocam no mesmo ponto: "O importante é passar numa faculdade pública". O motivo? "É bom para o currículo" diziam os mestres. Nas particulares reina o "pagou passou".
Dado esse discurso, as instituições USP, Unesp e Unicamp se tornavam aos poucos em grandes pesadelos - e metas - de todo estudante. Se a pergunta não cai nesses vestibulares (incluindo também as federais e estaduais do restante do Brasil) não tem importância. Mas se cai, tem que saber responder. Tem que passar.
Depois disso, os cursinho só precisam somar o número de aprovados e colocar no jornal: Cursinho X, 00 aprovados na faculdade y, no curso Z.
Quando o estudante alcança o seu objetivo (ou o objetivo do cursinho?) chega na faculdade e se depara com um ensino extramente crítico ao mercado - vou me limitar a falar dos cursos de humanas e comunicação. Até aí, nenhum problema. Aliás, melhor ainda. Mas em muitos casos a filosofia de ensino de alguns cursos de faculdade públicas praticamente ignora o mercado. Centra-se na pesquisa, nos projeto sociais, nas ONGs, no trabalho acadêmico. Pouco ou quase nada fala-se do mercado. Ou critica-se o dito cujo.
O estudante que chegou empolgado para entrar no mercado se depara com aulas que não falam do mercado. Em alguns casos, quando vai buscar emprego, percebe que o peso dado a instituições públicas não é maior que o dedicado às particulares.
Aí reside a culpa dos cursinhos. Ao invés de salientar as peculariedades do modus operandi do Estado (por meio das universidades estaduais e federais) e da iniciativa privada, centra-se em inflar a idéia de que o importante é passar numa USP ou Unesp e que as faculdades particulares são indústrias do ensino [olha só quem está falando].
Claro, Fuvest e Vunesp também tem culpa no cartório. Querem abraçar o mundo nas suas provas, mas abrem pouco espaço para esse tipo de reflexão.
Resultado? O estudante que passou no vestibular, se decepciona. Os professores universitários se decepcionam com alunos "alienados" que só pensam no mercado. Os empregadores se decepcionam com os recém-formados que pouco tiveram aulas práticas. Talvez porque ouvissem falar tão bem de universidades públicas e tivessem traduzido isso para "vão trabalhar melhor para mim".
A indústria do vestibular, alimentada pelo pensamento do mercado acaba vitimando [olha só!] o próprio mercado.
2 comentários:
Adorei seu ponto de vista e concordo plenamente! Os cursinhos tentam enfiar na cabeça dos estudantes que se eles não entrarem em uma faculdade pública não serão ninguém na vida, e isso não é verdade!!! Lógico que vc tbm não vai se sujeitar a fazer uma faculdade fundo de quintal, mas ótimas faculdades particular garante um futuro promissor pra quem quer entrar no mercado de trabalho. Tenho diversos amigos que fizeram Unicamp e hoje são babás de creche ou exercem algum cargo público da qual odeiam...enquanto outros que fizeram PUC, Mackenzie, trabalham na Natura, IBM, Bosch... a gente faz o nosso futuro ! Não o cursinho !
Obrigada !
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