Pergunta: O CQC é um bom programa ou já está apelando?
Quando o Pânico na TV surgiu, há 7 anos (estou ficando velho), o programa era o máximo. Parecia algo impensável um repórter fazer piadas com o próprio entrevistado. Eu assistia o programa inteiro para poder ver o Vesgo e o Sílvio cobrindo festas. Eis que uma professora minha profetizou: "Eles são ricos e engraçados. Daqui a pouco ficam milionários e sem-graça".
E foi o aconteceu. O programa ficou repetitivo, agressivo, e não saiu daquelas histórias de sandália da humildade, porrada no Vesgo e tudo mais.
Aí surgiu o CQC. Era o Pânico politizado e com mais conteúdo. As piadas não eram mais sexuais (apenas). Tinha crítica, posicionamento político, crítica social. Os deputados tinham que responder as perguntas capciosas e se não respondessem pegava mal. Rafinha Bastos, na bancada ao lado de Marcelo Tás, dava voz às piadas pesadíssimas enquanto Marco Luque era o responsável pelas piadas (nem um pouco) inocentes. Surge também o Top Five, e as mazelas da TV brasileira são expostas. Genial.
Eis que... Danilo Gentili começou a apanhar (Vesgo 2?) Tudo bem, era o ímpeto "jornalístico" pela notícia, pela entrevista. Forças ocultas agiam contra o programa televisivo. Mas depois, Rafael Cortez começou a distribuir selinhos em atrizes (Vesgo 2...).
Não dá pra dizer se a máscara caiu e dizer que de programa revolucionário, o CQC parece ter virado reacionário. Tás, durante a greve de estudantes da USP, chegou ao escrever no seu blog "Cadeia nesses vagabundos!" se referindo aos estudantes. Parecia até apresentador do Balanço Geral.
Durante a eleição de Dilma Rousseff mais uma do CQC pegou mal: "Danilo Gentili foi agredido por militantes do PT" denunciou Tás no Twitter. Absurdo, com certeza. Mas não era nada disso. Ele mesmo admitiu depois no Twitter: "Danilo Gentili foi agredido por seguranças do hotel onde Dilma estava hospedada". Segurança virou petista. Para completar, o apresentador dizia "Assistam o CQC e tirem suas próprias conclusões". É, pego mal para o CQC, pelo menos na minha opinião.
O CQC levanta diversas questões: é um programa jornalístico? Deve ter espaço numa entrevista coletiva? [vamos lembrar que os próprios jornalistas esportivos pediram a saída dos humoristas em entrevistas durante a Copa]. Alías, o que o CQC faz é jornalismo? A Revista Imprensa, em 2009 apontou os programas humorísticos com uma das causas da futura morte do jornalismo.
Bom, parece que daqui só vai sair uma chuva de críticas, mas pelo contrário. Eu adoro o CQC, acho o melhor programa da TV na atualidade e quando não consigo assistir vejo na Internet.
Acho que Marcelo Tás é um ícone do jornalismo de humor - daí pra saltar dizendo que é jornalismo eu fico em cima do muro. Se não concordamos sobre o jornalismo, garanto que entretenimento mais informativo que o CQC não há.
Na verdade, os repórteres do CQC fazem algumas perguntas muito melhores que as de outros jornalistas. A criatividade das matérias, dos assuntos e das edições acabou servindo de lição para o noticiário fraquinho que a gente via por aí. Alguns dos assuntos levantados no programa pautaram o noticiário nacional - violência de seguranças, mordaça aos humoristas são alguns exemplos.
Há quem diga que o programa ridiculariza o jornalismo e a política. Eu acho que o programa questiona e altera ambos.
E vocês? O que acham?
Um comentário:
Para mim é uma forma de jornalismo agressivo. O humor é uma violência refinada. Mas jornalismo. Sobre se é bom ou ruim, bom, oh, dúvida cruel.
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