A Guerrilha do Araguaia voltou às páginas dos jornais. A batalha entre jovens comunistas filiados ao Pc do B e o exército brasileiro foi marcada pelo envolvimento de camponeses em ambos os lados, ou simplesmente como escudos humanos.
Com a questão da guerrilha, volta à discussão a Ditadura Militar brasileira, que muitos preferem fingir que não existiu, dizendo que a Lei da Anistia veio para virar a página.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, já declarou ser a favor de penas contra os torturadores. Alguns rebatem com o argumento absurdo de que se trata de “vingança política”, como se torturar, fosse uma questão puramente burocrática. Existem diversas ONGs e intelectuais (acho essa classificação estranha, mas...) também são a favor do julgamento e condenação de assassinos do passado.
Há também quem polemiza dizendo: “Esses antigos comunistas eram todos torturadores também, que mataram pais de família.” Relatos de camponeses do Araguaia, confirmas essa tese, dizendo que realmente, os guerrilheiros mataram e torturaram moradores da região, militares e desetores.
[A maioria dessas opiniões eu vi em comentários de notícias, sobretudo nos sites da Globo, Folha de S.Paulo e Estadão. É lamentável o tom antiético dessas mensagens que são divulgadas mesmo com avisos de quem “Comentários com preconceitos de desrespeitos de qualquer tipo não serão permitido”]
Infelizmente, o Brasil não seguiu o exemplo de outras ditadura latino-americanas, e não condenou os militares. Pelo contrário. A Lei da Anistia era seu perdão. E os crimes de tortura “prescreveram”. Os crimes prescreveram ou esperaram até que o tempo limite de seu julgamento passasse? Torturadores foram promovidos, viraram nomes de rua, receberam homenagens, enquanto suas vítimas enlouqueceram, ficaram com seqüelas físicas e/ou psicológicas irreversíveis, se não foram mortos e sues corpos escondidos.
Mas também deve-se admitir que há uma lamentável glamorização da esquerda. Quem pegou em armas passou a ser um herói da liberdade e da democracia, quando não faltam relatos de que esses heróis eram frios, pouco atentos a opiniões diversas e que torturaram e mataram a sangue frio desertores, dedos-duros e militares sob a bandeira da liberdade. Não fizeram o mesmo que os inimigos?
Da mesma forma, é vazio o argumento de que “Pra quem julgar os torturados? Tem que julgar mesmo é esses terroristas que estão no poder agora”. É uma condenação que não justifica uma absolvição.
Minha opinião é de que a Justiça deve, imediatamente, apurar os crimes cometidos pelos dois lados. Quem torturou vestindo uma farda ou com uma pôster de Guevara na parede. Os crimes são os mesmos e continuam sendo crimes. As alegações de que agiam em defesa de uma ideologia ou obedecendo a um Estado autoritário não se justificam.
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