O blog estava parado há tempos, prcisava de uma causa séria pra ressucitar.
As eleições estavam muito mornas, sem um debate sério. Surgiu um.
Segundo turno rolando, minha
insossa candidata disputa com uma versão geriátrica de
Mark Schreck. Tudo muito previsível, motivos de sobra para o blog continuar hibernando: a queda de braço que tende a marcar os livros de história do futuro como a disputa entre os liberais privatistas tucanos e os liberais estatistas vermelhos não é exatamente uma disputa ideológica. O PT foi melhor que o PSDB justamente naquilo que mais criticava, a política de mercado. Meu voto vai para os petistas mesmo assim porque me parecem mais preocupados com o âmbito
social, e acho que o PV ainda não é partido minimamente autônomo para ir pra porrada, haja vista suas alianças absurdas... haja vista o
Gabeira, em especial.
Mas o PV, ainda que não tenha um capital político consolidado, conseguiu voto a rodo no primeiro turno. Um voto filho de jacaré com cobra, que reúne ativistas libertários e religiosos dos mais conservadores. E, ao contrário do que idealizam meus sofisticados amigos marineiros, é evidente que o segundo grupo é o que pesou na votação recente. Quanto pesou? Só um censo pra dizer, até as pesquisas de intenção de voto vão precisar se reformular depois desta eleição.
Seja como for, os dois candidatos, por mais vampirescos que se aparentem, apostam que conquistar os votos dos religiosos conservadores e tradicionalistas (os religiosos mais modernos estão sendo igualmente ignorados) será definitivo no sufrágio vindouro.
Quando o debate ganha importância na eleição, os militantes se destacam. Daí surge a relevâcia do organizador de campanha, que deve ser escolhido tão casutelosamente quanto o candidato a vice, por exemplo. É ele que vai responder pelo partido aos boatos de campanha, que inclusive angariaram um bom
bocado dos votos que compuseram a fração verde da votação.
Pensando nisso, o PT escolheu o Ciro Gomes, experiente pólítico para tal cargo. O PSDB delegou a função à ex-petista Soninha Francine. São figuras que não possuem ligação direta com os partidos que disputam a eleição, mas que tem grande representatividade política.
O PT errou feio nessa. A campanha petista na internet está fragmentada, apesar de ter grandes figuras apoiando sua candidata, e que poderiam fazer um grande trabalho. Escoheram alguém que criticou
muito a sua candidata por rancor à chapa. Ele deve ser bom de palanque, mas a unidade da campanha está fazendo falta ao partido, e ele não tem grande penetração no público mais vulnerável às campahas de SPAM, o qual , incusive, vai pesar.
Os tucanos, por sua vez, escolheram uma ex-jornalista brilhante nessa área. Sabe falar com o público jovem desde os tempos de Debate MTV, e não se engane, o programa realmente era bom quando ela apresentava. Esse é o público que alimenta a
militância. E, apesar do
esforço recente pra me
desapontar, ainda tenho muita admiração por ela. Alguém que defende a legalização do direito ao
aborto e do uso de
maconha da forma honesta que ela fez merece um Nobel. Não é exageiro.
O post de retorno é um apelo. Um apelo inútil, eu sei.
Mas eu gostaria muito de ver essa mulher defender suas visões absurdamente avançadas, absurdamente progressistas, em trincheiras que pretendam realizar suas convicções um dia. Não agora, que a campanha impede imaginar até mesmo o progresso do debate. Sugerir avanços divide a população, e campanha é tempo de unir o eleitorado, mesmo que através do discurso retrógrado. Não dá pra jogar a eleição um plebiscito sobre essas questões. Seria um erro estratégico infantil, melhor deixar pra depois ... é um preço que pode ser caro, mas que não pode ser evitado.
Numa eventual vitória tucana, as idéias de Soninha seriam evidentemente abortadas. No PT, postergadas. Evidentemente não é o ideal, mas é a opinião da maioria, temos que aceitar a democrática derrota que o pensamento libertário sofreu, mas buscar espaço para reverter o placar. O PT não é um
PSOL em termos de respeito às liberdades civis, mas é muito mais flexível que o PSDB, cuja base aliada conta com
DEM,
Veja (cujo esporte predileto, depois de tentar convencer o povo de que o PT é um braço das FARC, é entrar em contradição) e tanta
gente reacionária.