quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Diploma pra quê né?

Foi com surpresa que vi a assinatura de Judith Brito no fim de um texto tortuoso e mais de uma vez incoerente da presidente da Associação Nacional de Jornal a respeito do fim da exigência do diploma de jornalismo.

Antes de mais nada leiam o texto.

Judith considera quase criminosa a iniciativa de parlamentares de revogar a decisão do STF, intituição responsável por mais de uma decisão parcial e duvidosa, a mais alta corte do país, como lembra a autora.

A presidente da ANJ parte da sábia classificação "o que vem da ditadura é ruim", por isso, jamais aceitará a exigência do diploma.

Mas o que mais chama a atenção pela falta de coerência é a afirmação:

"Quanto melhor preparados os profissionais de jornalismo, melhor para os cidadãos, que terão à sua disposição informações de qualidade para formar suas opiniões, para melhor entender o mundo em que vivem. Os bons cursos de jornalismo, além de ensinar as melhores técnicas para o exercício da profissão nos diferentes tipos de mídia, dão a seus estudantes a formação humanista indispensável para esse papel de interlocução com a sociedade."

Lá no fim do texto, Judith praticamente nos pede para ignorar essa afirmação:

"Disse o Supremo que a liberdade de expressão não pode ser condicionada de nenhuma forma. Quem quiser ser repórter de um jornal, por exemplo, poderá pretender sê-lo independente da formação que tenha. Da mesma forma que não se pode exigir qualquer condicionamento prévio para quem queira escrever um livro. Esse respeito à plena liberdade de expressão permite que talentos que não tenham diploma de jornalista possam dar sua contribuição ao jornalismo e à sociedade."

Afinal de contas, o jornalista deve ter boa formação ou simplesmente se quiser, irá se tornar repórter de um jornal?

Então a decisão do STF favorece quem tiver talento para jornalismo? Como disse meu amigo Thiago Teixeira, aqui nesse mesmo blog, "talento de cu é a rola". O argumento do talento é pouco claro para defender a não-exigência do diploma. Afinal de contas, quem tiver talento vai conhecer todas as teorias e e metodologias do jornalismo? Acho bem improvável.

Pra encerrar, lamentável ver a presidente de uma entidade tão importante usando o discurso típico de colunistas sem conteúdo e de políticos populistas, ambos conservadores até a medula:

"Agora, temos essas iniciativas parlamentares vindo na contramão da História"
e
"Vamos olhar para frente e concentrar nossos esforços e energia na modernização do país e na consolidação dos princípios democráticos."

Oi?

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